“corpo além do corpo”

group show at Ponder - São Paulo, Brazil / 2019
curated by Carollina Lauriano



"From when is a body considered to exist? What counts as a body? Can a body belong to someone? What happens when it belongs to someone, but the owner and the presumed subject are not compatible? What kind of political subjugation is this?" These provocations, made by Paul B. Preciado in the essay that is part of the book "The documenta 14 reader," problematize the crises suffered by bodies that do not fit within a gender politics regime based on binary frameworks.

For the powerful mechanisms of social legitimization, the existence of a possible body is solely determined by the recognition of masculine and feminine genders. Those who transition between genders find themselves operating in a field of non-recognition within the social sphere. It's these bodies that either don't exist, don't fit, or operate within the realm of social and/or institutional invisibility that interest the artists who are part of this exhibition. Here, Élle de Bernardini, Lyz Parayzo, and Yan Copelli engage in a dialogue through their works about what counts as a body.

To expand the conversation about gender identity and sexuality, the exhibition questions how the fluid conception of gender is directly marked by power negotiations. Exploring gender beyond the binary, the artists investigate its place in art and society through themes encompassing institutional violence, countersexuality, and expressions of fluid identity.

While navigating the gallery space, we encounter bodies that do indeed exist, speculating on new forms and aesthetics to challenge repressive orders in a time of great political turmoil. Thus, here, rethinking what truly constitutes a body serves as a trigger to rethink new possibilities for a future capable of provoking radical changes.

Carollina Lauriano
curator

--

participating artists: Élle de Bernardini, Lyz Parayso and Yan Copelli

--

"A partir de quando um corpo é considerado existente? O que vale como corpo? Um corpo pode pertencer a alguém? O que acontece quando ele pertence a alguém, mas o proprietário e o suposto sujeito não são compatíveis? Que tipo de subjugação política é essa?". Tais provocações, feitas por Paul B. Preciado no ensaio que integra o livro The documenta 14 reader, problematizam as crises sofridas pelos corpos que não se encaixam em um regime de política de gênero pautada pelo binarismo.

Se para os poderosos mecanismos de legitimação social, a existência de um corpo possível passa unicamente pelo reconhecimento do gênero masculino e feminino; os que transitam entre um gênero e outro passam a operar em um campo de não-reconhecimento no âmbito social. São esses corpos que não existem, ou não se encaixam, ou operam no campo da invisibilidade social e/ou institucional que interessam para os artistas que integram essa exposição. Aqui, Élle de Bernardini, Lyz Parayzo e Yan Copelli dialogam, por meios de suas obras, o que vale como corpo?

A fim de ampliar a conversa sobre identidade de gênero e sexualidade, a exposição questiona como a concepção fluida de gênero está marcada, diretamente, por negociações de poder. Explorando o gênero além do binarismo, os artistas investigam o lugar do mesmo na arte e sociedade por meio de temáticas que englobam violência institucional, contrassexualidade e expressões de identidade fluída.

Ao percorrer o espaço da galeria, nos deparamos com corpos que sim, existem, e estão especulando sobre novas formas e estéticas a fim de contestar ordens repressivas em um momento de grande agitação política. Dessa forma, aqui, repensar o que de fato constitui um corpo serve como gatilho para repensar novas possibilidades de futuro capazes de provocar mudanças radicais.

Carollina Lauriano
curadora
Marker